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ANATOMIA
DOS VASOS CEREBRAIS
ARTÉRIAS O encéfalo é irrigado pelas duas artérias carótidas internas e pelas duas artérias vertebrais (que são o primeiro ramo das artérias subclávias). Dois terços do fluxo cerebral derivam do sistema carotídeo e o restante do vertebral. A A. carótida interna, originada da A. carótida comum a nível da base da mandíbula, não tem ramos no pescoço. Logo após penetrar no crânio (pelo foramen lacerum) corre no interior do seio cavernoso. Dirige-se para frente, mas logo curva-se acentuadamente para trás. Este segmento recurvado, de convexidade para frente, chama-se sifão carotídeo. Ainda no seio cavernoso dá a A. oftálmica, que penetra na cavidade orbitária junto com o nervo óptico, para suprir o globo ocular e músculos extraoculares. Perfura a dura-máter lateralmente à sela turca. Uma vez no interior da cavidade craniana, A. carótida interna dá um ramo em ângulo reto, a A. cerebral anterior, e se continua diretamente, sem mudar de direção, na A. cerebral média. Por sua
vez, as duas Aa. vertebrais convergem na transição
bulbo-pontina formando a A. basilar, que na borda superior da ponte
bifurca-se nas duas Aa. cerebrais posteriores.
O círculo de Willis equilibra a distribuição do sangue pelas várias partes do cérebro, e pode minorar as conseqüências de obstrução de uma das carótidas ou vertebrais. O padrão anatômico descrito acima como "normal" ocorre só em cerca de 50% da população. São variações comuns: # hipoplasia da A. vertebral direita, sendo a esquerda do mesmo diâmetro do tronco basilar. # hipoplasia do segmento inicial de uma das Aa. cerebrais posteriores, sendo seu território suprido pela A. carótida através da A. comunicante posterior, neste caso, calibrosa. Este é o padrão observado no feto, antes do desenvolvimento do sistema vertebral, e pode persistir no adulto. Ver p.ex. a peça SN-112. Trajetos e territórios de distribuição das artérias cerebrais. A A. cerebral anterior corre em sentido ântero-posterior ao longo do corpo caloso, dando ramos para o córtex da face interna e margem superior do hemisfério cerebral. Seu território é basicamente a metade superior da face medial do hemisfério, chegando ao corpo caloso e ao sulco parieto-occipital. A A. cerebral média, que é continuação direta da A. carótida interna, localiza-se na fissura de Sylvius, de onde dá vários pequenos ramos para os núcleos da base, que saem em ângulo reto diretamente do tronco da artéria. Em seguida, divide-se em cerca de 10 ramos que divergem à maneira de um leque para suprir a quase totalidade da convexidade dos hemisférios cerebrais. A A. cerebral posterior contorna o mesencéfalo e se distribue pela face inferior do hemisfério cerebral (lobos temporal e occipital). Seu território inclue o tálamo, hipocampo e a área primária de recepção visual na fissura calcarina (área 17 de Brodmann). Obs: Há anastomoses entre as três grandes artérias cerebrais, localizadas na leptomeninge da convexidade. Na prática, porém, são insuficientes no caso de obstrução súbita de uma grande artéria. As Aa. vertebrais
e a A. basilar suprem o tronco cerebral através
de ramos curtos e o cerebelo por três pares de vasos maiores: Aa.
cerebelares superiores; cerebelares anteriores inferiores e
cerebelares
posteriores inferiores. As duas primeiras são ramos da A. basilar.
As Aa. cerebelares posteriores inferiores são ramos das Aa. vertebrais
e suprem território maior que as outras (toda a metade inferior
do cerebelo e parte do bulbo).
VEIAS As veias cerebrais não acompanham as artérias e formam dois grupos, o externo ou superficial e o interno ou profundo. As veias cerebrais superiores drenam a convexidade e são tributárias do seio sagital superior (ou seio longitudinal superior). (Em inglês são conhecidas como bridging veins porque transpõem o espaço subdural). As veias cerebrais inferiores drenam a porção inferior dos hemisférios (lobos temporais e occipitais) e desembocam nos seios cavernosos e transversos. Há amplas anastomoses entre os dois sistemas. As estruturas
profundas (substância branca dos hemisférios cerebrais, núcleos
da base e tálamo) são drenadas pelas veias cerebrais
internas. Estas se unem para formar a veia cerebral
magna ou de Galeno, com comprimento aproximado de 1 cm., que
se continua diretamente com o seio reto. A veia de Galeno tem grande importância
por drenar toda a porção central do encéfalo, sendo
sua trombose fatal.
Particularidades dos Vasos Cerebrais. As artérias cerebrais diferem das outras por apresentar somente membrana elástica interna (são desprovidas de membrana elástica externa) e camada média mais delgada. P. ex., a A. basilar tem metade da espessura da A. radial, de calibre semelhante. Como os vasos cerebrais se localizam no espaço subaracnóideo, o impacto da pressão arterial é parcialmente compensado pelo efeito hidráulico do líquor que os circunda. Após
seu curso na superfície do cérebro, os ramos arteriais penetram
em ângulo reto no córtex e o atravessam, passando à
substância branca. Os ramos maiores são circundados por uma
continuação do espaço subaracnóideo, o espaço
de Virchow-Robin, que os acompanha como um dedo de luva até
gradualmente desaparecer.
# poucas vesículas pinocitóticas;
Fisiologia da Circulação Cerebral. O metabolismo cerebral é estritamente dependente de oxigênio e glicose. Um manguito de pressão insuflado no pescoço leva a perda da consciência em seis segundos. A parada da circulação cerebral por três a quatro minutos à temperatura corporal normal leva a necrose generalizada de neurônios no córtex cerebral e no cerebelo. Embora o cérebro represente apenas 2% do peso corporal, recebe cerca de 15% do débito cardíaco e responde por 20% do consumo de oxigênio em repouso. O fluxo sanguíneo pela substância cinzenta é quatro a cinco vezes maior que pela substância branca (por unidade de peso), devido à maior vascularização e maior atividade metabólica da primeira. Autoregulação do fluxo sangüíneo cerebral.
Acima do limite superior (140 mmHg) a vasoconstrição não suporta uma pressão mais elevada e o fluxo aumentará com a pressão, podendo lesar os capilares e, portanto, a barreira hemoencefálica. Este é o mecanismo da encefalopatia hipertensiva, em que há intenso edema cerebral em conseqüência de elevações rápidas na PA. |
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