Peça
SN-64. Necrose cerebral extensa em RN por anóxia de
parto. Anóxia de parto
grave, com sobrevida de várias semanas. Há um corte
frontal a nível dos tálamos (lobos parietais e temporais)
(peça embaixo) e outro dos dois lobos occipitais (peças em
cima). As lesões são mais graves nos lobos occipitais,
onde a substância branca sofreu extensa necrose, que resultou em
degeneração cística (aspecto finamente esponjoso).
Em conseqüência, os ventrículos laterais (cornos posteriores)
dilataram para ocupar o espaço deixado. A isto se chama hidrocefalia
ex-vacuo.
No corte pelos tálamos observa-se também necrose da substância
branca periventricular, embora não tão intensa como nos lobos
occipitais. A necrose atinge a substância branca lateral e superior
ao ângulo do ventrículo, localização clássica
da chamada leucomalácia periventricular. Esta área
é uma zona limítrofe entre territórios arteriais,
onde a irrigação é mais crítica. Trata-se do
limite entre as artérias da convexidade, que suprem o córtex
cerebral, e as artérias profundas, que nutrem os núcleos
da base. No caso de uma anóxia perinatal grave (como por descolamento
prematuro da placenta, compressão do cordão umbelical, etc.)
esta área é a mais afetada, resultando em necrose. O termo
leucomalácia
significa amolecimento (malácia) da substância branca (leuco).
A atrofia do corpo caloso é também devida a necrose (o corpo
caloso é uma comissura, constituida somente por substância
branca). É de interesse que o córtex cerebral foi muito menos
afetado que a substância branca. A causa disso não é
clara.
Além disso, nota-se ainda uma hemorragia intraventricular
à E (hematoma com cerca de 1,5 cm de diâmetro), também
causada pela anóxia. É provável que se trate de uma
hemorragia subependimária como vista nas peças SN-127
e SN-5. Como o paciente sobreviveu algumas semanas, o hematoma perdeu
a cor negra do sangue recém-extravasado, adquirindo cor marrom ocre.
Na margem inferior do hematoma há uma orla amarelada de pigmento
hemossiderótico. |