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2. Margens cirúrgicas após 8 meses. |
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Após controle de RM, que mostrou impregnação por contraste na margem da lesão residual, o paciente foi reexplorado e tecido das bordas foi removido. A grande parte do material examinado constava de gliose reacional, com astrócitos gemistocíticos e células grânulo-adiposas. Contudo, entre estas, foram observadas células com acentuadas atipias, muito semelhantes às do tumor inicial, que foram interpretadas como remanescentes. No estudo com o marcador de proliferação celular Ki-67, grande parte delas mostrou-se reativa. |
Aspecto geral. | |
Células gigantes multinucleadas esparsas em meio ao tecido nervoso gliótico. Não formavam massa contínua e estavam presentes só em alguns dos vários fragmentos examinados (em duas de seis lâminas). | |
Tecido glial reativo. Corresponde ao leito do tumor removido na primeira cirurgia. Há astrócitos gemistocíticos típicos, com citoplasma róseo abundante e um ou dois núcleos excêntricos, e outros atípicos (abaixo). | |
Astrócitos com atipias. Alguns astrócitos com aspecto reativo mostram atipias, tri- ou tetranucleação e nucléolos evidentes, que foram interpretados como alterações secundárias à radioterapia. Não é possível afastar que sejam neoplásicos. | |
Células grânulo-adiposas. São macrófagos de citoplasma xantomatoso encontrados no tecido lesado, ao lado dos astrócitos gemistocíticos. | |
Vasos. Aparecem mais espessos e proeminentes que o habitual, mas não se nota proliferação das células endoteliais. Em alguns, os espaços de Virchow-Robin estão alargados e contêm células grânulo-adiposas. Outros encontram-se hialinizados, uma alteração habitualmente associada a efeito de radioterapia. | |
IMUNOHISTOQUÍMICA |
KI-67. Muitas das células atípicas notadas em HE aparecem fortemente marcadas, sugerindo tendência a proliferação. Não foram observadas mitoses. | |
Alguns núcleos marcados isolados em meio ao tecido gliótico são do mesmo tamanho ou pouco maiores que núcleos gliais normais. A marcação por Ki-67 revela que são células com tendência à proliferação, que teriam passado despercebidas em HE. | |
Células atípicas não marcadas indicam que nem todas células aberrantes estão no ciclo de proliferação. | |
COMENTÁRIO.
Este
caso apresenta feições peculiares e instrutivas. A mais notável
é a boa delimitação macroscópica da neoplasia,
com plano de clivagem que permitiu sua excisão em uma única
peça, fato raro em glioblastomas. Poder-se-ia pensar que, graças
a isso, a cirurgia teria sido curativa. Porém, a oportunidade de
reexplorar o leito tumoral revelou células altamente atípicas
e positivas para Ki-67, remanescentes do tumor inicial, isoladas no tecido
gliótico, demonstrando que os limites aparentemente precisos são,
na realidade, enganosos.
O achado ilustra a capacidade das células gliomatosas de migrar entre as normais, infiltrando-se no meio delas sem formar massa. No presente caso, as células neoplásicas chamaram logo a atenção pela sua morfologia aberrante. Não fosse isso, poderiam ter passado despercebidas em um exame só com hematoxilina e eosina. |
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